O LAVA-PÉS

Os discípulos eram homens normais, simples pescadores e ainda iletrados. As mazelas humanas faziam parte de seus âmagos. (Em suas crenças intimas também prevaleciam o sobrenatural e o maravilhoso, pois os fariseus eram enterrados com todo seu séquito que, segundo a crença, o serviria no mundo dos mortos. Este costume reforçou o principio da ressurreição do físico). Veja Daniel 12:2 e Ezequiel 37 cuja noção fortaleceu a idéia da ressurreição dos corpos no lugar da reencarnação com influencia da Mesopotâmia e do Egito devido a mumificação da constituição física. Até hoje os velórios são lugares fúnebres que infundem terror e tristeza, geram lamentos e são vistos como desgraça e por isso não despertam a esperança, pois, se acontecer a separação eterna não haverá o reencontro que só aconteceria com a crença na reencarnação que é a lógica da consolação divina, já que os adeptos da vida única não conseguem antever o após o tumulo.
 Então, era normal que entre alguns dos apóstolos existisse certa concorrência para se destacar quem seria o escolhido para ser o maior e sentar-se à direita do Cristo, conforme encontramos em Lucas 22:24-38 (e outros) já que este desejo de se sobressair pertence à humanidade ainda em evolução e Jesus, percebendo tal ocorrência, resolveu mostrar-lhes que a humildade era o caminho para o amor incondicional, tirou suas vestes e pegando uma toalha cingiu-se para logo em seguida lavar os pés dos discípulos e ensinar que o mestre não é maior que seus alunos. Este costume antigo exigia que o anfitrião oferecesse água e um servo para a lavagem dos pés do hospede, tendo também o significado de humildade na tradição hospitaleira daquele povo. Em nosso pensamento os discípulos se tornaram apóstolos somente depois da ressurreição do Cristo que foi quando eles entenderam realmente a missão deste apostolado que, até este momento, não eram muito compreendidos já que imaginavam o Messias como libertador do jugo romano.    Um dos problemas que mais preocupou os pensadores da vida é o livre-arbítrio. Conciliar s vontade e a liberdade com o fatalismo das Leis Naturais e com a Vontade Divina é difícil para o entendimento humano, pois, dentro de nossa animalidade temos a tendência de eternizar o mal, o que faz com que dificilmente saiamos de suas garras. Deus, normalmente considerado pelo prisma dos sentidos gerou o politeísmo onde todas as forças da natureza O compõem. Visto pela inteligência Ele é duplo: Espírito e Matéria, daí o dualismo e para a Razão Pura, Deus aparece tríplice, ou seja, Alma, Espírito e Matéria, conceito onde se inspiram as religiões trinitaristas. Sentido pelo Amor é compreendido pela intuição adquirida lentamente como todas as faculdades da inteligência demonstrando um Deus Único e Absoluto que tem Nele os três princípios construtivos do Universo que se fundem para estabilizar a unidade vivente.  Hoje, com tantas igrejas que se diz cristãs, com cada qual querendo o monopólio dos Evangelhos, temos nossas duvidas quanto ao retorno do Cristo como é propagado entre elas. Se nós fizermos uma pesquisa com este povo perguntando o motivo de serem cristãos, ouviremos que é porque o Cristo salva ou porque ele cura e que ele é o Rei dos reis ou o Filho de Deus e mais diversas desculpas que comprovam que se é cristão por interesse de coisas materiais e até mesmo das espirituais. Dificilmente ouviremos o motivo do Amor que deveria prevalecer nessa crença. Como a finalidade suprema é a perfeição e o caminho que nos conduz a ela é o progresso confiamos que um dia alcançaremos o objetivo de colocarmos o Amor como ato primordial de nossa evolução cristã e lavarmos os pés uns aos outros sem interesse de nenhuma espécie a não ser de imitarmos aquele que é nosso modelo de vida. Correto?

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