LEGIÃO É O NOME

“Vendo a Jesus, prostrou-se diante dele, gritando em voz alta: “que há entre mim e ti, ó Jesus, filho do Deus Altíssimo? Eu te peço: Não me atormentes” ... Interrogou-lhe Jesus: “Que nome tens?”Respondeu aquele: “Legião”. Porque tinham entrado nele muitos demônios que imploravam a Jesus não os mandasse ir para o abismo” (Lucas 8:28 a 31).

Talvez eu não tenha me explicado direito na reflexão anterior (Deuses ou Demônios?) porque ouvi varias perguntas se realmente eu acreditava que deus e o demônio seriam a mesma pessoa. Ora, é claro que não acredito nesta historia. Disse simplesmente que se eu vivesse naquela época, com a experiência de hoje, não saberia distinguir quem era quem. Isto que dizer que não acredito em forças antagônicas guerreando entre si para conquistar o mundo. Não acredito no deus mostrado pelas religiões porque é um deus totalmente humanizado e não acredito no diabo apresentado por essas mesmas religiões que o endeusam. Acredito nas forças que equilibram o universo, no positivo e negativo, na atração e repulsão. Em outras palavras, na Lei do Equilíbrio e num Ser Supremo que está acima destas coisas o qual, na falta de palavras adequadas, convencionou-se chamar de Deus. Não acredito nesse deus que ajuda uns menosprezando outros; não creio no deus que mede o tamanho da fé e se esquece do tamanho do “coração” ou no deus que faz distinção de raça, credo ou sei lá mais o que para escolher esse ou aquele. É nesse tipo de deus que não consigo crer e principalmente que haja outro deus a guerrear pela conquista de almas. Para mim, é tudo invenção humana para poder explicar a natureza em que vivemos e que na falta de um raciocínio maior e melhor exemplificamos de acordo com nosso entendimento. 

Percebe-se, inclusive, no versículo acima a humanidade presente nos escritos onde está a “confusão” entre inferno e abismo, pois se acreditava que tal estaria lá embaixo enquanto o céu se localizaria lá em cima. Outra coisa, como entender que o demônio não queria ir para sua casa? Aqui é melhor do que lá? Por quê?

Como disse, é tudo invenção humana. Uns por interesse, outros, por falta de entendimento e mais outros pelas duas coisas. Se não for assim, como explicar que temos mais de dez mil denominações de igrejas que se dizem cristãs? Se não for “por ponto de vista” aliado a “algum tipo de interesse”, então, o que é?

Vejamos, conforme a crença geral de várias igrejas, as reservas do inferno que, a exemplo do céu, alguns dividem em sete e outros em nove escalas: 1º circulo ou Limbo: Para crianças sem batismo e adultos pagãos; 2º circulo: Para os lascivos e luxuriosos. Lá, a ventania impera; 3º circulo: É onde a chuva comanda e onde está Cérbero, o cão do inferno. Este lugar é para os glutões; 4º circulo: Para os esbanjadores e unhas de fome; 5º circulo: Para os nervosinhos e iracundos. É onde está localizado o rio Estige; 6º circulo: É para os heréticos. Aqui, os sepulcros são inflamados; 7º circulo: para os assassinos e suicidas e está sob a vigilância do Minotauro; 8º circulo: Para os rufiões, fraudadores, cínicos e sedutores e, 9º circulo: Esta ultima morada infernal é para os traidores de um modo geral.

Pois bem, após atenta leitura diga-me se não está nítida a mão humana para tentar explicar a localização dos mortos que não estão no céu? Antes era só céu e inferno e depois, para amenizar a situação de alguns defuntos, colocou-se entre os dois o purgatório. A mistura de crenças também se sobressai no narrado, pois de que forma apareceriam os mencionados na mitologia grego-romana? Como entender que o demônio pede para que Jesus não o atormente se não for de uma forma alegórica? E de uma forma alegórica não poderíamos dizer que somos uma legião de espíritos endividados e que estamos à procura de nós mesmos como almas atormentadas e sedentas de amor em busca de mais luz, pois temos medo do abismo espiritual? PENSE NISTO!