PARA BOA SOBREVIVÊNCIA

O livro de Miyamoto Musashi (1584-1645), o samurai invencível, editado com o título “

O Livro dos Cinco Anéis” um pouco antes dele desencarnar, trata de estratégia militar, mas possui tópicos que também serve como arte para a vida porque nos ensina a tática da boa sobrevivência, do qual destacamos alguns ensinamentos: “Evitar todo e qualquer pensamento perverso; Treinar dentro dos preceitos do Nitô-Ichi-Ryu (técnica de lutas pela espada, mas que serve para nosso dia a dia porque ensina que o objetivo supremo das artes marciais é o de não serem usadas); Conhecer muitas artes, não só a militar; Compreender os mandamentos das diversas profissões; Discernir as vantagens e desvantagens que existe em todas as coisas; Desenvolver a capacidade de discernir a verdade em todas as coisas; Prestar atenção aos menores detalhes; Ser sempre útil; Ao saber o que existe, podes saber o que não existe, isto é o vazio. As pessoas deste mundo olham para as coisas erradamente e pensam que o vazio é aquilo que não compreendem, isto não é o vazio, isto é confusão; Respeite Buda e os santos sem contar com sua ajuda (ou seja: ame a Deus e trabalhe); Não te arrependes do que fizestes (veja tudo como aprendizado e procure não errar mais); Deves cultivar a tua sabedoria e o teu espírito. Embeleza tua sabedoria, aprenda sobre justiça publica, distingui entre bom e mau, estuda as diferentes artes uma por uma; Pode parecer difícil ao início, mas tudo é difícil ao início; O sedentarismo é o caminho para a morte. A fluidez é o caminho para a vida; Controla tua fúria, se guardares rancor contra os outros, eles tem controle sobre ti e teu oponente pode dominar-te e derrotar-te se permitires que te irrite; Tens de compreender que existe mais do que um caminho para o topo da montanha, sem medo, sem hesitação, sem surpresa, sem dúvida” ...

Quando este livro foi escrito (1645) o povo, quase em geral, eram belicosos e viviam com atitudes de defesa porque viam os outros clãs como pessoas que não gostavam deles e que por isso eram inimigos em potencial e este samurai, com a visão futurista tentava compreender o espírito e as qualidades do oponente. Sabedor de que todos estão sempre preparados para se defender porque isto pertence ao instinto de preservação, ele simplesmente via o adversário, mesmo inseguro e reagindo violentamente, como pessoas brilhantes na luta da sobrevivência.

Ainda hoje estamos em ebulição em nossos relacionamentos, porque, além de convivermos com aquilo que os outros pensam o que somos ainda temos que separar aquilo que pensamos ser, daquilo que realmente somos o que deixa claro que nem nós mesmos sabemos avaliar precisamente o que verdadeiramente somos e cuja dúvida torna-se perigosa porque é daí que advém a crise de identidade.

Antoyne Saint Exupery, autor do livro “O Pequeno Príncipe” escreveu que o “essencial é invisível aos olhos” e nós completamos dizendo que nosso espírito sente e pressente este essencial porque aprendeu que para ter um bom relacionamento humano deve amar sem possuir e gostar sem dominar. Eis a essência para “sermos” ao invés de “termos”, o que gerará a sabedoria de que mesmo tendo tudo na vida não nos escravizaremos ao sentimento de “posse” desenvolvendo assim e naturalmente a estratégia do bem viver, sem lutas e sem guerras com o próximo e principalmente, conosco mesmo.

Isto nos lembra que um sábio ao visitar uma grande cidade e parando extático perante a vitrine de uma joalheria para apreciar as belas jóias expostas pensou: “São peças maravilhosas realmente, mas, mais maravilhoso ainda é eu saber que posso apreciá-las enquanto muitos não conseguem distinguir visualmente o dia da noite e que, podendo adquiri-las, tenho a satisfação de saber que me permito ser quem sou sem precisar de adornos para mostrar minha importância ao Senhor da Vida”, e arrematou: “Obrigado Pai Eterno pela Verdade de tuas leis que pesa a sobrevivência da alma simplesmente nua de propriedades que o tempo corrói.”

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