QUANTA HIPOCRISIA! (1/2)

    Tivemos uma aula que foi basicamente uma comparação das historias populares do sufismo com as parábolas do Cristo por nós conhecidas para que confrontássemos as diferenças. Não encontramos nenhuma no sentido de integridade, dignidade, sensatez, ética e honestidade.    Nasrudin é seu principal personagem. Alcunhado de “o louco que consegue ser mais inteligente do que os sábios” sempre surpreende com suas aventuras cheias de moral, ironia e sutileza.    A definição enciclopédica fala que isso é uma forma de misticismo e ascetismo islâmico, hostil à ortodoxia muçulmana, caracterizado por uma crença de fundo panteísta e pela utilização da dança e da música para uma comunhão direta com a divindade, e que se propagou especialmente na Índia e na Pérsia nos séculos IX ao XII sendo influenciado pelo hinduísmo, budismo e cristianismo.
Em outras palavras é o esoterismo islâmico e que, talvez por isso ele não seja muito bem recebido pelo mundo muçulmano. Partem do principio de que é através das praticas religiosas não convencionais que se entra em contato direto com Deus, sendo o uso da dança a mais comum. A transmissão da filosofia é feita por meio de pequenas lendas, ou melhor, de pequenas historias das quais já contamos algumas.  Suas reuniões acontecem, normalmente, à luz de velas e com instrumentos de percussão soando. Um homem entoa uma canção repetitiva que se torna monótona trazendo certa fixação ao ambiente e quando ele para de cantar os instrumentos repercutem num ritmo semelhante aos atabaques das religiões afro-brasileira. Seguindo a mesma sintonia de cadencia os homens giram em torno de si mesmos, demonstrando que através desta dança entram em transe profundo falando palavras incompreensíveis como se fosse um idioma estranho semelhante aos cristãos que quando tomados pelo Espirito Santo, conforme crêem, falam a língua dos anjos. Riem fartamente, gostosamente, enquanto rodopiam pelo salão. As luzes somente se acendem quando param de dançar, ou melhor, de girar.  Ensinam que o sufismo não é uma doutrina ou um sistema de crenças, mas, uma tradição de iluminação através de tudo que é dinâmico como o som e o movimento por exemplo. Ainda afirmam que o Sufi (adepto) é aquele cujo pensamento caminha na mesma velocidade que seu pé e que sua alma está onde está seu corpo, e que também, onde ele estiver estará igualmente tudo o que ele representa: trabalhador, místico, intelectual, contemplativo, divertido e etc. Complementam dizendo que no sufismo há a necessidade de um mestre e discípulos, e que, a revelação se dá com o progresso do treinamento e das graças especiais adquiridas chamadas de baraka e que significa “um presente de energia espiritual que pode ser usado na vida prática“.  O que chamam de carisma é a força que pode unir-se ao coração de quem a encontra e desenvolve. Isso porque o método central desse desenvolvimento é a percepção e aceitação do Amor, já que ele (o amor) é a única coisa que ilumina a inteligência e a criatividade e é o que nos purifica e liberta. Ser um Sufi (afirmam) é ser capaz de amar e de estar atento às necessidades de quem amamos e usar cada gesto para nos aproximar cada vez mais de Deus. Se você perguntar a um dançarino qual a sua experiência no momento do transe, ele responderá que esteve em contato com a energia do universo e que Deus passou pela sua alma.

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