HONRAR PAI E MÃE (2)

Absorto nas reflexões, senti a proximidade de Aparício me dizendo que a “mãezinha” aflita queria um “dedo de prosa” comigo. Como que lendo meus pensamentos, pois que não via como ajudá-la na conversa já que eu sentia que argumentos não bastariam no momento, disse-me ele que a havia trazido porque confiava no meu ouvido amigo, fazendo-me entender que bastava deixá-la falar, extravasar seus sentimentos porque, com isso, com a “alma lavada” seria mais fácil para eles (os Espíritos que estavam cuidando dessa irmãzinha) fazerem o auxilio necessário. Assim, deixei-a a vontade e aqui exponho resumidamente:
“Talvez seja eu a culpada... talvez eu não o tenha educado corretamente... talvez eu não o tenha ensinado a encarar a vida e talvez eu mesma tenha fincado os alicerces desse muro que nos separou... peço perdão... mas que eu gostaria que tudo fosse diferente eu gostaria... sempre o imaginei ao meu lado, lutando comigo, sendo meu braço direito... que nos fartássemos de rir e que nos amparássemos um ao outro... o que podia fazer? Era tudo sonho... quem sabe no futuro esse sonho torna-se realidade? quem sabe a providencia não está providenciando para esse amparo? Não dizem que reencarnamos quase sempre entre a mesma família? Quem sabe seremos mãe e filho novamente? Que isso tudo seja para que nosso amor surja com mais pujança? Tudo é possível... o que nós passamos devem ser resquícios do passado (outras vidas) e que nós não conseguimos resolver com satisfação... estão me dizendo que o amor familiar penetra na veia e atinge o coração, então...”
Nesse momento Aparício surge em nosso socorro, pois estávamos ficando melancólicos. Ouvi-o dizer a ela que a frase “filho é criado para o mundo” tem muito de verdadeira e continuou: “Quem já não ouviu ou falou esse dito? E o que isso significa? Apesar dela ser mencionada no sentido positivo do egoísmo maternal, pois é difícil para os pais entenderem que a ideia de liberdade e individualidade choca a trajetória idealizada, sonhada por eles. É certo que os filhos têm suas próprias experiências e julgamentos para vivenciarem suas próprias vidas e que deve ser respeitado. Não quero dizer com isso que os filhos devem crescer livremente ao bom bel prazer deles mesmo. Isso nunca! Quero dizer que os pais devem prepará-los para a vida e deixá-los seguirem para que cresçam em realizações sociais e espirituais. Dessa forma, criamos os filhos para o mundo e não para nós significando que cada um tem sua vida, seu sucesso, sua derrota, alegrias e tristezas extraídas da maneira vivida no mundo onde cada pessoa é uma única individualidade...”
Aparício terminou sua explanação levando-a consigo para, evidentemente, prepará-la melhor e a aceitar suas limitações. Recorri como sempre nesses momentos à literatura espírita e li que “a aspereza no trato pessoal cria ressentimentos, e o ressentimento é sempre fator de enfermidade e desequilíbrio” (Emmanuel/Chico) fazendo-me agradecer novamente aos céus a benção familiar que me envolveu até agora e desejando que você, ao ler este episódio, perceba que a Espiritualidade se preocupa contigo e que sempre lhe dará o amparo necessário independente de sua crença e, por favor, PENSE NISTO!
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