CILÍCIO MENTAL

Antes de continuarmos é necessário explicar que cilício vem do latim “cilicinus” e quer dizer “feito de pele de cabra”. Era uma túnica, cinta ou cordão de crina que se trazia sobre a pele para penitencia. Também podia ser uma pequena corrente de metal leve, com pequenos dentes fixados e usados em torno dos braços, cintura ou coxa como forma de mortificação física. Com o tempo, todo e qualquer apetrecho que servisse para causar sofrimento físico passou a ser chamado de cilício porque, eles acreditavam que castigando o físico purificavam o Espírito. Assim, baseados no que acabamos de definir, no nosso entendimento o cilício mental é tudo aquilo que “prende a mente” ao sofrimento moral.

É evidente que não concordamos com nenhum tipo de sofrimento voluntário para a evolução do Espírito, pois a observação e o estudo deste ato nos comprovaram que o efeito é nulo, já que ajuda o ser a “mascarar” suas más inclinações, desenvolvendo inclusive, o sadomasoquismo que se diz religioso.         

No passado sofremos nas mãos das divindades fazendo-nos desenvolver técnicas para apaziguar suas iras divinas. Júpiter no Olimpo, Netuno no Mar, Plutão na Morte, Venus no Amor entre outros eram agraciados com oferendas e sacrifícios porque fomos ensinados que os deuses nos castigavam; que os astros não eram propícios; que a má estrela estava em orbita; que a fatalidade nos rondava e que somos frutos do pecado original. Ainda hoje muitos se sentem desamparados por Deus e que por isso seus lares são uma praça de guerra ou que é por isso que perderam seus empregos entre outros motivos para serem injustiçados. Só para simplificar o que estamos dizendo no Genesis Adão culpou a Eva, que por sua vez culpou a serpente e a serpente culpou a humanidade pela sua curiosidade, mostrando-nos que desde o começo do mundo até os dias atuais, o Ser humano procura não assumir seus erros jogando a culpa sempre nos outros ou nos deuses. Também muito se fala na “pena de Talião” e poucos explicam que “talião” significa “tal”, do latim “talis”, e quer dizer que as criaturas deveriam ter como castigo a dor “tal e qual” fez os outros sentir, indo contra o nosso direito penal humano que classifica a falta dentro do padrão culposo ou doloso e passional ou ocasional, mostrando-nos que o agravamento é proporcional ao conhecimento do erro. Se assim é no vosso mundo, imagine no nosso onde tudo é mais perfeito.           

Normalmente, os médiuns ostensivos, Isto é, de labuta mediúnica, são os que mais sofrem o cilício mental porque são alvos em ebulição do astral inferior, ou porque se policiam demais, ou porque querem adquirir “dons” que não possuem, ou porque se colocam em martírio mental para elevarem seus Espíritos, mas que, na verdade, estão em descenso vibratório sem perceber. As tentações estão em ofertas imperdíveis nos balcões da vida e muitos se deixam enganar pela ilusão do martírio físico ou mental. Isto nos recorda que quando o diabo resolveu fazer uma liquidação de tentações, colocou em ofertas diversos itens a preços acessíveis a qualquer ser humano. Era um estoque fantástico: pedras para os virtuosos tropeçarem, espelhos que alimentavam a própria importância, óculos que diminuíam a importância alheia, punhal da traição para utilizar nas costas de alguém, gravadores especiais para registrar fofocas, mentiras e calunias e etc.

Um trabalhador da oficina das tentações notou, jogados num canto, dois produtos já gastos pelo tempo e pelo uso com um custo altíssimo e, curioso, perguntou o porquê deste alto valor: “Qual o motivo destas duas peças, já velhas e surradas pelo uso, custarem quase o preço total do lote de ofertas?”

Satã respondeu: -“Percebeu que estão gastas mais do que as outras? É porque são as mais usadas e o alto custo é para estimular sua compra. Uma é a duvida e a outra é o complexo de inferioridade. Todas as outras tentações sempre podem falhar, mas, estas duas, sempre funcionam e as mortificações físicas e mentais são originarias destas duas especiais da minha oficina!”  

                                                                                PAZ E LUZ!

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