ENTERRANDO TALENTOS


Um monge zen ganhou em doação um enorme terreno para construir seu templo e como precisava viajar por algum tempo, deixou a construção a cargo de seus discípulos. Quando voltou da viagem encontrou tudo como estava antes de viajar. Informado que os discípulos, de posse de vários estudos dos diversos arquitetos, não souberam qual projeto escolher, reuniu-os e disse: -“Quando se quer o bem, os resultados são sempre bons. Libertem-se do medo de errar. Enfrentem seus caminhos com coragem e não tenham medo das críticas dos outros e sobre tudo não se deixem paralisar pelo medo de nenhum tipo de atitude a não ser que o que desejarem não seja o bem comum. Tentar, ousar, arriscar, cair, levantar, tropeçar, cambalear, chorar, sorrir, pensar, deduzir, pesar, renunciar, adaptar, concluir, decepcionar, amar, odiar, é processo didático da própria vida. Como o que é verdadeiro para uns pode ser falso para outros por depender da compreensão de cada qual, aquele que nunca errou é porque nunca viveu.”    

Não nos serve ficarmos sentados, ociosos e fazer nada na vida. Não nascemos para isso. A atividade física e mental faz parte do nosso dia a dia. É através dela que desenvolvemos o físico e a mente a ponto de aprimorarmos cada vez mais a inteligência para nos trazer o bom senso.
Existe um provérbio oriental que diz que “a boca do sábio está no coração” e o Cristo afirmou que “a boca fala do que o coração está cheio”, comprovando que a inteligência pode superar o sentimento, mas jamais aniquilá-lo, destruí-lo ou dominá-lo para sempre.

A própria vida nos ensina que a pessoa inteligente deixa sempre o outro falar primeiro para que suas palavras não entrem em confronto com aquele que pensa que sabe mais, a não ser que “aquele que pensa que sabe mais” caia em contradição com suas palavras ou com seus exemplos.
Albert Einstein afirmou que “não existe nenhum caminho lógico para o descobrimento das leis elementares” e que a única via para isso, “é a da intuição”, e complementou seu raciocínio dizendo: “penso noventa e nove vezes e nada descubro, deixo de pensar, mergulho em profundo silencio, e eis que a verdade me é revelada”, comprovando-nos que a intuição não faz acepção se é crente ou ateu. 

A reencarnação não é um produto idealizado para depois se procurar assuntos para sua comprovação. É uma consequência de estudos, deduções, observações, pesquisas que comprovaram tal princípio. É a lei das vidas sucessivas que nos ensina o que é a intuição e o que é a evolução de cada um nos aprendizados da vida, seja pela religião ou não.

Nossos deveres são sociais, profissionais e afetivos e entendemos que eles se refletem entre si. O pensar, o analisar, o medir, o pesar, o agir é conceitos que fazem parte da humanidade em geral, e são através deles que descobrimos o caminho a seguir e, repetimos, seja religioso ou não, mesmo porque as religiões são fases de aprendizado nos caminhos da eternidade. 

A parábola dos talentos enterrados nos mostra que a obediência e a resignação são confundidas erradamente pela maioria dos humanos por causa da negação do sentimento e da vontade. Somente a duras penas é que se descobrirá que a obediência é o consentimento da razão, e a resignação é o consentimento do coração e quando assimilarmos estas questões, não se terá duvidas em nossas atitudes e não enterraremos os talentos adquiridos com merecimento, porque, o discernimento fará parte de nossas atitudes e a inteligência aliada com a religiosidade nos permitirá enfrentarmos nossos erros de cabeça erguida.

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