O LAVA-PÉS

                     

Antes de falarmos desse tema, expliquemos que a figura do pé, acreditamos que isto em todas as épocas, representava uma jornada, preparação para o futuro ou mesmo a noção de passagem, tanto é que há histórias que contam que existe ainda a marca do pé de Adão no cume do Ceilão, e também a impressão inteira dos pés de Moises nas montanhas de Horeb e do Sinai. É evidente que o exagero consta nestas narrativas como esta afirmação de que a pegada do camelo de Maomé, que de tão grande que era, dava para ter um “pé” em Meca e outro em Damasco, o terceiro no Cairo e o quarto no Monte Sinai.
Pois bem, o cristianismo é uma religião abraâmica centrada nos ensinos do Cristo com forte imposição judaica. O lava-pés, por exemplo, conforme pesquisas, mostram que isso era uma prática tradicional no antigo oriente. Em Gênesis 18:4 e 19:12, Abraão lavou os pés de três anjos e Abigail, em 1 Samuel 25:41, lavou os dos servos de Davi no Carmelo. Este ato não era um ritual de limpeza, mas sim, uma homenagem aos viajantes ou hospedes como símbolo de hospitalidade, cordialidade e amizade.
Depois, sim, virou norma religiosa porque lemos em Êxodo 30:19 que Aarão e seus filhos lavavam os pés e as mãos numa bacia de cobre entre a Tenda do Encontro e o Altar de Deus. Também em Deuteronômio 33:24 há o pacto de mergulhar os pés em óleo e os calçados retirados e lavados antes de entrar em local sagrado em sinal de respeito e em atendimento ao que está escrito em Êxodo 3:5 e Josué 5:15 (tire os sapatos dos pés, pois o lugar no qual estás é terra santa).  
O que confirma que o ato de lavar os pés, independente da imersão total do corpo, tem o sentido de humildade e talvez de penitencia, mas que, certamente é a ação de acolhida e hospitalidade encontra-se na mulher que lava os pés do Cristo com suas lagrimas (Lucas 7:37-38,46) e aquela que lava-os com óleo perfumado de alto valor e os enxuga com seus cabelos (João 12:3).
Jesus lavando os pés de seus discípulos em João capitulo 13 nos ensina muito, pois a cena é a última pascoa da qual estão participando e os discípulos já haviam passado pela imersão na água antes das refeições conforme João 13:10 o que nos faz concluir que os participantes já haviam lavado as mãos. Então, Jesus levantou-se, despiu-se, exceto por uma toalha na cintura, despejou água em uma bacia e lavou os pés dos discípulos enxugando-os com a toalha a qual estava cingido. O pedido de Pedro para que Jesus lavasse não tão somente os pés, mas também as mãos e a cabeça nos mostra que ele não se considerava totalmente limpo e a resposta do Mestre, afirmando que não havia necessidade disso, porque quem se banhou (pela imersão antes das refeições) não necessitava lavar se não os pés (João 13:10) nos confirma que eles já haviam se banhado.
Hierosolimita é aquele que é natural de Jerusalém e nesta época três idiomas eram normalmente usados e que seriam o Aramaico, o Hebraico e o Grego. O Império Romano tinha dois idiomas em uso: o Latim e o Grego, onde se aprendiam e se misturavam diversas culturas. Assim, o banho entre eles era tão normal que existiam diversas casas dessa especialidade espalhadas, de onde surgiu tal costume vivenciado por todos os que ali viviam. Não sabemos quem influenciou quem neste comportamento mesmo porque temos citações deste costume no Antigo Testamento, assim, entendemos que o lava-pés feito pelo Nazareno, juntamente com a pergunta feita aos discípulos (compreendeis o que vos fiz?), nos demostra que a religião que o Divino Amigo nos transmitiu é centralizada em gestos de Amor, Paz e Serviço ao próximo. Estamos errados? Acreditamos que não!
                                                                                PAZ E LUZ!
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