EM BUSCA DA PAZ



     A esperança seria a maior das forças humanas se não existisse o desespero (Vitor Hugo)



O jornal francês “Le Fígaro” (junho/2001) nos relata que a americana Vera Anderson, que sempre desejou viajar pelo mundo, teve seu sonho realizado depois de seu falecimento. Ross, seu filho, após registrar em cartório o desejo de realizar a vontade da mãe, enviou para 241 chefes de estado uma sacolinha com as cinzas dela com uma carta solicitando uma sepultura digna para esta senhora. Foram 50 estados americanos e 191 países do mundo que as receberam e nos quatro cantos da Terra, criou-se uma silenciosa cadeia de solidariedade de simpatizantes desconhecidos que, com seus diversos rituais de sepultamento, fizeram-na viajar pelo mundo, realizando assim seu sonho de quando era viva. Pois bem, a pergunta que não quer calar é: Será que esta senhora, através deste feito, encontrou a Paz?



Impera no pensamento da maioria que a realização dos sonhos gera a paz e perguntamos: Será? Não existem sonhos que podem se transformar em pesadelos? Sabemos que sim!

Outros acreditam que não se consegue a paz sem lutas e Gandhi nos mostrou que a paz venceu a guerra. Isto sem falar no Cristo que morreu em paz, tanto que na cruz, pediu perdão ao Pai pelos que O crucificaram. 

A paz é interior. É sentimento que germina do amor e fixa-se no intimo através deste mesmo amor que o alimenta, pois quem ama verdadeiramente, está em paz. Isto nos lembra o caso da garotinha que estava com uma bela maçã em cada mão e sua mãe, querendo testar sua bondade, após elogiar a fruta, pediu uma para si. A menina, mediante tal pedido, deu uma mordida em cada maçã. A mãe, indignada e entristecida prontificou-se em lhe chamar a atenção para este egoísmo. Antes de agir viu a menina estender-lhe a mão com a maçã mais bonita e dizendo: “Toma esta mamãe. Além dela ser a mais bonita das duas, é também a mais gostosa”. A mãe desarmada em seus pensamentos maldosos sentiu naquele momento o plantio da semente do amor e ficou em paz.

Este sentimento está disponível em todos os lugares para quem quiser encontrá-lo. A vida ilustra bem isso contando a historia de um rei que convocou os artistas pintores de seu reino para retratar a paz através da pintura. Em resumo, a maioria apresentou suas telas com um lago tranqüilo, espelho perfeito das montanhas poderosas e do céu azul que as rodeava. Aqui e ali se podiam ver pequenas nuvens brancas e para quem reparasse bem, no canto esquerdo do lago existia uma pequena casa com a janela aberta e com a fumaça saindo pela chaminé, indicando um jantar frugal, mas apetitoso. Pode-se dizer que era o retrato fiel da paz. O outro estava em total desarmonia com os quadros apresentados porque mostrava montanhas escabrosas com os picos afiados e escarpados. O céu estava implacavelmente escuro e das nuvens carregadas saiam raios, granizo e torrencial chuva. Olhando atentamente, notava-se em uma fenda da rocha inóspita, um ninho de pássaro. Ali, no meio do violento rugir da tempestade, estava uma andorinha calmamente acomodada. O rei, ao reunir a sua corte para falar sobre os quadros disse que a paz não é aquilo que encontramos apenas em lugares tranqüilos, sem ruídos, sem trabalho duro. Na verdade, em qualquer lugar onde mantivermos a calma em nosso coração, mesmo no meio de situações adversas, a paz estará presente em nosso intimo, no que concordamos plenamente e complementamos esta verdade com o pensamento de que o céu não é lugar para desfrutar felicidades atravancadas, pois, com certeza, a vida nos ensina que a paz só existirá quando eliminarmos o desespero e suas conseqüências. 

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