A COMUNHÃO DA ALEGRIA

Conforme entendemos Kalil Gibran (escritor e poeta) os homens adoram falar sobre o lado sombrio do Cristo. Há dois mil anos que o sofrimento de Jesus encanta multidões e há dois mil anos não compreendem Sua Majestade e nem Sua Força. Jesus não viveu escondido como um covarde. Além de não fugir dos problemas não morreu queixando-se da vida. Ao contrario, viveu como um revolucionário, pois revolucionou a todos e, apesar de não o ser, foi crucificado como um rebelde. Tanto que até hoje, o mundo todo, com toda sua diversidade religiosa, falam sobre Ele e O respeitam.

Ainda sobre o Cristo, diz o poeta que Ele não era um pássaro de asa partida, mas uma tempestade violenta; não era vitima de seus perseguidores e não sofreu nas mãos de seus executores porque, Ele era livre diante de todos. Ora, é certo que Jesus não desceu ao mundo para destruir as casas e atirar as pedras nos seres humanos e nem para construir igrejas e conventos. Todos nós concordamos independente de nossa placa religiosa, que Ele veio para insuflar a força da renovação da alma e fazer de cada coração um Templo, de cada vida um Altar e de cada pessoa um Sacerdote. Ele trouxe-nos a certeza da vida eterna e com ela a alegria de viver.

 

Sabe-se que o mundo é o reflexo de nossa alma e sabedores que somos desta verdade, afirmamos que não importa a condição do solo de nossa vida, não importa o tamanho da semente dificultosa que semearmos, não importa a estação do ano em que nos encontramos e que não importa, também, o estado emocional das mãos do semeador desde que tenhamos a Fé a nos guiar, a Força para caminhar, a Coragem para colher os efeitos do nosso plantio e a Alegria para irradiar o adubo da luz e expandir esta luminosidade até o após a morte.

 

O primeiro milagre narrado no evangelho foi a transformação da água em vinho para alegrar uma festa de casamento. Entendemos este ato não como estimulo ao alcoolismo que denigre, mas à felicidade da vida em festa, da busca espiritual com entusiasmo e alegria. Vemos nesta alegoria que não é preciso vários tipos de experiência para descobrir que o mundo é bom e que a vida é bela. Basta a alegria para isso, basta perceber as coisas simples que existem ao nosso redor como as gotas da chuva na vidraça, o desabrochar de uma flor, o amanhecer e anoitecer no horizonte, as gotas do orvalho na relva e o milagre diário da própria vida em abundância na qual estamos mergulhados e que, infelizmente, passa despercebido porque fechamos o cenho, brincamos pouco e sorrimos quase nada.

 

Para se conseguir esta alegria mencionada da qual o Cristo é portador, basta nos darmos conta de que somos capazes de reverenciar o milagre da existência; de aceitarmos que temos a sensibilidade suficiente para vermos o Amor agindo na natureza de todas as coisas; que estamos aptos a ver o belo porque o mundo e tudo o que nele existe é belo e, porque, também somos belos.

 

Um sábio indonésio afirmou certa vez que a dança, a bebida e o canto são o colchão onde a alma dele repousará quando voltar ao mundo dos espíritos. Com exceção da bebida alcoólica e apesar do Cristo ter transformado a água em vinho simbolizando a alegria da festa, diremos com certeza de que contagiaremos de tal maneira nosso ser que despertará o prazer transformando a alegria num dom divino e natural, fácil de ser conquistado e que transformará onde vivermos num paraíso porque eliminará a ilusão, que é a mãe da luxuria, da cobiça, da ira, do orgulho e da vaidade.

  

Para aquele que tem a alegria por companheira o mundo deixa de ser uma ameaça e passa a ser o veiculo de aperfeiçoamento de sua alma, pois, verdadeiramente, se afastará da tristeza contagiante e opressora e, repetimos, viverá em comunhão com Deus e consequentemente, da Alegria. 

Comentários

Postagens mais visitadas