SIMPLES ASSIM!
Conta a lenda que no momento em que a mãe de Buda fazia amor com o marido, ela teve uma visão que mostrou seis elefantes com uma flor de lótus nas costas de cada um e que caminhavam em sua direção. No instante seguinte, Sidarta era concebido. Durante sua gestação, a rainha Maya, sua mãe, resolveu chamar os sábios do reino para interpretar a visão e, todos eles foram unânimes em afirmar que a criança que estava para vir ao mundo, seria um grande rei ou um grande sacerdote.
Conhece-se entre os adeptos do cristianismo a historia de Jesus ser concebido por Maria através da intercessão do Espírito Santo. Krishna também nasceu de uma virgem e isso só para ficarmos nos três mais conhecidos.
O que eles têm em comum, além do nascimento miraculoso, é que nenhum deles deixou nada escrito. Todos tiveram seus feitos narrados pela escrita muito tempo depois e por terceiros. Enquanto isso, seus ensinamentos corriam de boca em boca pelos seus seguidores, o que nos faz afirmar sem medo de errar que o axioma “quem conta um conto aumenta um ponto” esteve presente nas narrativas, o que gera perguntas como: “porque não escreveram? Eram iletrados? Não sabiam ler ou escrever? Não tinham tempo ou eram indolentes, preguiçosos?
Julio Cezar, general romano e um dos mais importantes cronistas a relatar os costumes celtas (que também nada escreveram). Ele nos apresenta uma idéia que achamos viável para explicar o porquê dos grandes mestres da humanidade, notadamente os três que mencionamos não escreverem seus ensinamentos: “Creio que eles adotaram essa pratica por dois motivos: para que seus escritos não se tornem propriedade comum e, para não negligenciar o cultivo da memória”.
Lembramos da época em que quando encarnados e freqüentadores dos trabalhos de Umbanda como médiuns que éramos, talvez para preservar a sua forma mais pura, era-nos proibido anotar no momento os aprendizados ministrados. Tínhamos que guardá-los na memória, porque, assim nos era ensinado, quando arquivados no subconsciente, o consciente os traria à tona no momento da precisão de utilizá-los. De fato, normalmente, quando se confia na escrita, tende-se a relaxar a diligencia da ação da memória, além de se perder a originalidade dos ensinos, pois a historia antiga e atual demonstrou que as grandes doutrinas foram corrompidas, após seus escritos, porque foram interpretadas de formas diferentes. Sabemos no dia a dia que a arquitetura impressiona os sentidos e a pintura toca mais o Espírito, porque, o arquiteto ao desenhar o ambiente e seus objetos, utiliza o sentido, e o pintor, ao reproduzir sua tela, utiliza sua sensibilidade espiritual. Não estamos afirmando que um é melhor do que o outro e sim que ambos estão sob a ação da empatia.
Como se percebe, Julio Cezar estava bem próximo da verdade porque o ser humano tem a tendência de infiltrar seus objetivos naquilo em que ele transcreve, tanto que, como exemplo oculto, para recriar o significado de Urim e Tumim (Luz e Perfeição), foi incrustado diamantes no colete sacerdotal (peitoral). Ora, hoje vemos um cristianismo latinizado, controverso e fragmentado em mais de mil denominações de igrejas. Não se pode desejar que todos os componentes de uma congregação sejam santos, mas, tem-se que exigir que a igreja seja totalmente santificada em seus preceitos. Sabemos que Deus coloca frestas em tudo e que é por isso que a Luz penetra no mais recôndito do ser e de qualquer lugar em que ele esteja. Tudo está mergulhado na Luz do Pai. Nada fica sem receber Sua Claridade. Também sabemos que a vida desenvolve o conhecimento, que a experiência desperta o discernimento e que o sentimento traz a libertação da escravidão mundana. Igualmente conhecemos pessoas que transformam a liberdade em correntes, o lar numa prisão e outros que fazem do casamento um cativeiro transformando o amor em obsessão. É por isso que afirmamos que as igrejas não podem viver numa simbiose com as mazelas humanas. Portanto, esquecendo-se todo o misticismo engendrado, toda mitologia infiltrada e todo sobrenatural advindo destas crenças, dizemos que para se conseguir a santidade exigida para as igrejas e seus fieis, basta o Amor ensinado e demonstrado pelo Cristo, cuja bandeira deve ser o alicerce de qualquer congregação, pois o amor a Deus se mede pelo amor ao próximo. Simples assim!
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