NO PÓS-TÚMULO!

 

Numa de nossas reuniões mediúnicas manifestou-se um irmão desesperado: - Não faça isso... Ainda não morri... Estou vivo... Veja este ao meu lado que está jogado neste monturo, veja em seu corpo as bexigas negras e pustulentas que o deformam no rosto e no corpo fujam dele. Nem ele morreu ainda... Estamos vivos e estão levando nossos corpos para o forno da cidade... Isso é agonizante... Vejo que muitos estão sendo incinerados ainda vivos e eu estou nesse meio... Meu Deus... Cadê você, Senhor?... 

 

Ele nos contou que naquela época as casas eram marcadas com tinta vermelha nas portas para identificar os morféticos e que era normal um moribundo ser jogado na vala comum entre gemidos, cujos locais passaram a acumular despojos humanos desprendendo um odor nauseabundo, fétido e acre de carne humana em decomposição. Informou também            que as casas marcadas sofriam saques, pois a família dos infectados perdiam o direito sobre seus pertences. Dessa forma passou a prevalecer os interesses escusos sobre aqueles que possuíam fortunas ou algum valor que pudessem ser saqueados por estas pessoas sem escrúpulos que se aproveitavam da situação para sempre encontrar um contagiado com a doença mesmo que estivesse são. 

 

“Maimônides, sábio judeu espanhol, afirmou que quando um homem morre, ele não pode levar consigo nem ouro, nem a distinção e nem o poder terreno, mas apenas o que fez de bem” e nós complementamos dizendo que o que fez de mal também o acompanhará no além tumulo, mas não como punição e sim como meio de correção porque sabemos que o chicote não serve para educar, mas para reprimir, aumentar e alimentar o ódio da vingança. A reencarnação como meio de aperfeiçoamento e saneamento das imperfeiçoes do espírito elimina a desesperança nos mostrando em tudo o que nos acontece a ação do Amor do Pai em plena Esperança de restauração perispiritual. 

A missão do Espiritismo não é salvar as almas, pois nenhuma se perderá já que Deus é infinitamente Amor e Misericórdia, mas colocar a responsabilidade da vida em progresso em nossas mãos dentro da Lei de Ação e Reação. Todas as religiões falam nessa Lei e, infelizmente,  jogam a responsabilidade da vida nas mão de Deus, do Destino ou do Diabo, procurando com isso isentar os seres humanos da suas atitudes irresponsáveis. Sabemos que o Pai que tudo concede não educa e o Pai que tudo recompensa também deixa a desejar. Somente o Pai que aperfeiçoa educa realmente  e dentro desta educação divina, que é a reencarnação assentada na Ação e Consequência, encontraremos na vida física ou espiritual, liberdade ou asfixia, alegria ou dor, reencontro ou separação, recompensa ou castigo, jubilo ou tormento, esperança ou desilusão, luz ou treva. Ninguém fugirá destas reações. Mães, filhos, pais, netos, ricos ou pobres, reis ou plebeus, negros, brancos, amarelos ou vermelhos, gordos ou magros, altos ou baixos, enfim, ninguém escapara do Juiz supremo de nossa própria consciência.                                                 

 

Ser espiritualista não significa desprezar a matéria, mas pressupõe desapego e partilha. Não significa não ter coisas, mas não ser dominado por elas, pois o controlar, o submeter o que se tem a uma relação harmoniosa com a vida, com o próximo é ter domínio sobre aquilo que poderá nos jogar no abismo das incompreensões, no vale de lágrimas e no inferno criado por nossa avareza, orgulho, vaidade e más paixões de nossa alma. Todos nós, um dia, nos defrontaremos com nossa consciência para os ajustes do plantio e colheita de onde iniciaremos nossa obra reparadora para a verticalização de nosso Espírito. Estamos certos? Acreditamos que sim!   

 

 

                                                                      PAZ E LUZ!  

 

 

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