MUTAÇÃO DE TODOS NÓS

“Mas quando o homem há morrido uma vez, quando seu corpo, separado do seu espírito, for consumido, o que é feito dele? Tendo morrido uma vez, poderia o homem reviver de novo? Nesta guerra em que me acho todos os dias da minha vida, espero que chegue a minha mutação” (Jó 14:10,14).

Numa leitura rápida deste versículo a gente se confunde todo, mas lendo-o com mais vagar e pondo a atenção no seu dilema vamos perceber que Jó é confuso com relação ao corpo e ao espírito. É claro que o que baixa à sepultura é o corpo e ele não poderá reviver já que se desintegrou em outros elementos. Portanto, a mutação referida, evidentemente, é espiritual.

Tomemos alguns exemplos de pessoas que se transformaram após um encontro especial com a espiritualidade: Os profetas de Israel enfrentaram o paganismo hebreu para propagar a ideia num Deus único; Na China (séculos VI a V a.C.) Confúcio e Lao-Tsé venceram velhas tradições; Na Pérsia, Zoroastro introduziu o monoteísmo; No século V a.C. Sócrates e Platão encorajavam a buscar a verdade até nas mais evidentes verdades daquela época; Buda, 500 anos a.C. rompeu com as castas da Índia em ebulição religiosa; Maomé, através de seu encontro pessoal com o Arcanjo Gabriel revolucionou os países árabes com o Islamismo; Paulo em sua estrada de Damasco tornou-se verdadeiramente um cristão; São Francisco de Assis depois que entendeu que a “reconstrução do templo” pedido por Jesus referia-se à “reconstrução do homem” transformou-se no homem que todos conhecem; Madre Tereza de Calcutá, diante da frase “tenho sede” colocada aos pés de uma imagem de Jesus Crucificado tornou-se no anjo protetor dos excluídos; Eurípedes Barsanulfo, que ao avistar-se com o Cristo chorou de emoção e percebendo que Jesus também chorava pensou que as lagrimas do Mestre eram pelos descrentes, qual não foi sua surpresa quando descobriu que o Cristo chorava por todos os que conhecem o Evangelho e não o praticam...

Ora, são inúmeras as transformações individuais ou coletivas através da experiência pessoal com a Espiritualidade Superior. Todas as religiões têm suas historias parecidas de transformismo após tais vivencias porque nossa evolução está nos desígnios de Deus. A própria natureza mostra que tudo evolui: Os

Minerais, nas propriedades quimio-eletro-magneticas; Os vegetais, na sensibilidade; Os animais, na motricidade, nos instintos e nos rudimentos da inteligência e, finalmente, com os humanos, na inteligência e no sentimento. No inicio agíamos por instinto. É a animalidade que evoluiu para a sensação. Logo após surge o sentimento (amor) que interage na natureza espiritual. Alias, é conhecidíssima entre os espiritualistas (espiritistas inclusos) a frase atribuída a Leon Denis que diz que “na planta a inteligência dormita, no animal sonha e só no homem acorda, conhece-se, se possui e torna-se consciente”.

Tal conceito não é novo. Também é atribuído este pensamento ao Teólogo, Jurista e Poeta Muçulmano Jalal ad-Din Muhammed Rumi (1207 – 1273) que sentenciava: “Morri no mineral, converti-me em planta; morri em planta e nasci animal; morri animal e me converti em homem”. Por outro lado, mutação é o mesmo que transformação e se compararmos a atualidade com as diferenças físicas e sociais de “ontem”, teremos a certeza de que transformação, no bom sentido é evolução.

Se entendermos de maneira clara o pensamento de Jó perceberemos que a individualidade, desde sua origem, mantém a sua identidade, apesar das transformações, ou mutações se preferir, da sua personalidade, o que quer dizer que independente de qualquer coisa, o processo educativo pertence às leis naturais que nos regem trazendo-nos a transformação do animal em anjo. PENSE NISTO!

                                                                     

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